SE O SEU IRMÃO PECAR
Olá!!! Recentemente
fui levado a ler e refletir este trecho do Evangelho de Jesus Cristo escrito
por Mateus, de modo que achei oportuno levar a público esta reflexão. Por falar
em “levar a público”, alguém certa vez me disse que corremos um grande risco ao
expor na internet aquilo que pensamos, pois não sabemos que olhos verão e que
ouvidos escutarão o que estamos dizendo.
Não
discordo desta observação, entretanto há momentos em que nos encontramos tão cercados
de pessoas com olhos e ouvidos completamente cerrados para o que estamos
dizendo, que é preciso gritar mais alto para sermos ouvidos pelos que estão
próximos e até mesmo alcançar os mais distantes.
Outros ainda poderiam perguntar:
- Você
não acha, Anselmo, que muito alarde é desnecessário e perigoso? Por exemplo: se
uma família tem um membro problemático, não é melhor tratar o problema
internamente, ao invés de espalhar pra todo mundo que alguém na minha família é
um problema?
Não
discordo, querido. Mas utilizando este mesmo exemplo é importante lembrar que:
muitas vezes a família só se dá conta de que o membro é problemático quando a
comunidade toda já sabe e já foi afetada pelo sujeito; outras vezes a família
não tem estrutura para resolver o problema “internamente” e precisa de ajuda
externa; e outras vezes ainda parte da família não tem intenção nenhuma de
resolver o problema.
Mas
vamos ao texto bíblico:
“SE
o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular. Se ele der ouvidos, você terá ganho o seu irmão. Se
ele não der ouvidos, tome com você mais uma ou duas pessoas, para que toda a
questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Caso ele não
dê ouvidos, comunique à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele der ouvidos, seja
tratado como se fosse um pagão ou cobrador de impostos”. – Mt 18, 15-17 (Grifos meus) – Bíblia Sagrada – Edição
Pastoral – Paulus - 1990
Comecemos
então pelo começo. Sim pelas primeiras palavras. “SE O SEU IRMÃO PECAR”.
É importante
perceber que Jesus inicia esta pequena admoestação partindo da possibilidade de
alguém ter realmente pecado.
Notemos
que Jesus não começa dizendo:
“Se você achar que seu irmão pecou...”
“Se você ouvir dizer que seu
irmão pecou...”
“Se alguém te afirmar que teu
irmão pecou...”
“Se houver algum indício de que
seu irmão pecou...”
Etc..
Só o
início desta primeira frase já deveria servir para evitarmos uma infinidade de
confusões, divisões e perseguições dentro da Igreja. É simples: se você não foi
testemunha, nem tem provas cabíveis de que seu irmão realmente cometeu algum
erro, então cale a boca! Não saia por aí espalhando o que você não pode provar,
pois isso pode se voltar contra você. Não vá atrás de boatos, comentários, por
mais críveis que pareçam e mesmo que venham de pessoas em que você confia.
Primeiro passo: confirmar a veracidade do que você ouviu. Confirmou? É verdade?
Então pode ir para o segundo passo:
“VÁ [ao
seu irmão] E MOSTRE O ERRO DELE, MAS EM PARTICULAR”.
Ok! Seu
irmão realmente pecou. Você tem as provas para mostrar, caso ele negue. Agora
converse com ele. Se ele negar, mostre as provas. Se ele confirmar, peça para
ouvir a versão dele. Talvez a coisa não seja tão grande quanto você ouviu, ou
também pode ser o contrário; ser pior do que você pensou. Mas, caridosamente,
ofereça ao seu irmão o direito de se explicar e até de se defender. Depois de
ouvi-lo, ofereça-se para ajudá-lo.
Agora
deixa eu perguntar: É fácil
fazer isso?
- Não,
Anselmo, realmente não é fácil.
Claro
que não é! E são cada vez mais raros os casos de alguém que agiu desta maneira
com um irmão que cometeu algum erro na vida.
E sabe
por que?
Porque
é muito mais fácil pular logo para o quarto passo – COMUNICAR A IGREJA.
Além de
ser mais fácil, tem o gostinho da fofoca, o prazer de entregar alguém com a
esperança de “limpar essa mancha” da nossa comunidade. Tem também a sensação de
estar fazendo justiça: “Oh, eu sou sério, honesto e irrepreensível. Não posso
deixar que alguém como ele (ou ela) fique impune!”
E quem somos
nós para punir alguém? Quem nos deu este direito?
O cargo
que ocupamos na Igreja? Mentira! Primeiro porque a Igreja é mãe e como mãe quer
que os filhos se amem e continuem unidos. Não quer vê-los brigando nem medindo
forças. E segundo porque o cargo que
ocupamos não nos coloca acima de ninguém, antes pelo contrário, nos coloca no
mesmo nível ou abaixo, pois é uma posição de serviço e não de autoridade.
Olhemos
para cima, meus irmãos! Vejam, o nosso telhado também é de vidro.
Eu
poderia preencher algumas dezenas de linhas com conselhos de Jesus, como: não julgueis e não sereis julgados! Tirem a
trave do seu olho antes de olhar o cisco no olho do outro! Mas acho que não
é necessário.
Numa
das fontes em que me instruo sobre a Sagrada Escritura, encontrei um comentário
interessante sobre este trecho de Mateus, que, a meu ver, corrobora com o que
eu disse até agora.
“Ninguém
de nós é perfeito, e não é porque seguimos a Jesus que estamos livres de
cometer erros. O procedimento conforme a justiça de Deus procura evitar a
arbitrariedade, levando em conta que todo mundo tem direito à boa fama.
Primeiro não se deve espalhar o erro do irmão, mas corrigi-lo a sós. Ele pode
não aceitar o que você está falando; direito dele. Arranje então testemunhas.
Se ele continuar irredutível, então, E SÓ ENTÃO, comunique à comunidade”. – IVO
STORNIOLO (Tradutor e autor das notas de roda pé da Bíblia Edição Pastoral da
Paulus)
O
Evangelho é claro! Não é que nós devemos fechar os olhos, pôr panos quentes, ou
até mesmo ignorar o erro do nosso próximo, principalmente dos que nos são mais
próximos e daqueles cujo erro pode levar à ruína de muitos. Mas somos cristãos,
e portanto, devemos agir como o próprio Cristo agiria, ou seja, com caridade e
acolhimento.
Santo
Agostinho, um dos mais importantes Padres da Igreja, um dos responsáveis por aquilo que hoje chamamos "doutrina", escreveu o seguinte: “No
imprescindível, a unidade, na dúvida, a liberdade, em tudo, a caridade”.
E esta máxima tem tudo a ver
com o jeito Cristão de ser; deve ser a atitude daqueles que seguem o Cristo que
dizia: “Teus pecados estão perdoados, vai
e não tornes a pecar”.
Mas só
terão atitudes verdadeiramente cristãs, aqueles que forem cristãos verdadeiros.
Pax
Domini!
Autor: Anselmo José Ramos Neto
Perfeito Anselmo, são poucas as pessoas puras e que admitem que também pecam. Aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra, único que pode condenar é nosso Senhor Jesus, e como a Misericórdia dele é infinita devemos sempre perseverar e continuar na caminhada com muita oração e fé para não cometermos os mesmos pecados e assim chegar onde queremos, ao lado do Pai Eterno.
ResponderExcluirBelas palavras! Oração e fé: os ingredientes para continuar sempre.
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