quarta-feira, 8 de outubro de 2014

EVANGELII GAUDIUM  -  A ALEGRIA DO EVANGELHO


 “A alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”.

                Com estas palavras o Papa Francisco inicia sua primeira Exortação Apostólica, intitulada Evangelii Gaudium, em latim, A Alegria do Evangelho. No documento, dividido em cinco capítulos, o Papa discorre sobre a Transformação Missionária da Igreja, a Crise no Compromisso Comunitário, o Anúncio do Evangelho, a Dimensão Social da Evangelização e dos Evangelizadores com Espírito.

                No primeiro capítulo o Papa nos convida a sermos uma “Igreja em saída”, e destaca que a alegria do evangelho é uma alegria missionária. O Evangelho, enquanto Palavra de Deus, tem vida própria e não pode ficar confinado, mas deve ser espalhado, semeado. E “a Igreja deve aceitar esta liberdade incontrolável da Palavra, que é eficaz a seu modo e sob formas tão variadas que muitas vezes nos escapam, superando nossa previsões e quebrando nossos esquemas” – EG I, 22. Nesse sentido, a comunidade missionária deve perder completamente o medo e se despir definitivamente de seus preconceitos e “ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos” – EG I, 24.

                Entretanto, conforme o própria Papa exorta, para que esta saída aconteça, faz-se necessário uma urgente conversão pastoral, uma inadiável renovação eclesial. Igreja em saída significa também, para o Papa, sair das comodidades pastorais em que estamos mergulhados, ter como ponto de partida o coração do Evangelho, que mostra o Cristo peregrino, o Cristo misericordioso. Da mesma forma também nós somos convidados à prática desta, que é a maior de todas as virtudes – a misericórdia.

                Mas o Papa também entende o quanto as limitações que a natureza humana nos impõe podem comprometer esta saída missionária. Por isso ele discorre longamente sobre isso, mostrando que a missão se encarna na limitação humana, mas é realizada com pequenos passos em meio a tudo isso. Como missionários do amor de Deus, precisamos aprender que esse amor “opera misteriosamente em cada pessoa, para além dos seus defeitos e das suas quedas” – EG I, 44.

                Encerrando o primeiro capítulo, o Papa nos lembra que a Igreja “em saída” é como uma mãe de coração aberto. “Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido. Muitas vezes é melhor diminuir o ritmo, deixar de lado a ansiedade para olhar nos olhos e escutar, renunciar às urgências para acompanhar quem ficou caído à beira do caminho. Às vezes, é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas abertas para, quando este voltar, poder entrar sem dificuldades”. – EG I, 46.

                Nesse sentido, por razão nenhuma e em qualquer circunstância, a Igreja deve fechar qualquer fresta que possa permitir a entrada primeira ou o retorno de um irmão. E no rol de portas destaca-se o Batismo, a Eucaristia e a Penitência. O primeiro, porque é a porta para todos os outros sacramentos; o segundo – a Eucaristia – porque, segundo Santo Ambrósio de Milão, não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso para os fracos; o terceiro – Penitência – porque é o sacramento da misericórdia de Deus, que não tem memória para os nossos pecados, e nos resgata pelo sangue de Seu Filho.

                Ler a Evangelii Gaudium é conhecer um pouco do pensamento do Papa Francisco, que norteia seu pontificado no amor misericordioso de Jesus e na essência missionária da Igreja.