EVANGELII GAUDIUM
- A ALEGRIA DO EVANGELHO
Com
estas palavras o Papa Francisco inicia sua primeira Exortação Apostólica,
intitulada Evangelii Gaudium, em
latim, A Alegria do Evangelho. No documento, dividido em cinco capítulos, o
Papa discorre sobre a Transformação Missionária da Igreja, a Crise no
Compromisso Comunitário, o Anúncio do Evangelho, a Dimensão Social da
Evangelização e dos Evangelizadores com Espírito.
No
primeiro capítulo o Papa nos convida a sermos uma “Igreja em saída”, e destaca
que a alegria do evangelho é uma alegria missionária. O Evangelho, enquanto
Palavra de Deus, tem vida própria e não pode ficar confinado, mas deve ser
espalhado, semeado. E “a Igreja deve
aceitar esta liberdade incontrolável da Palavra, que é eficaz a seu modo e sob
formas tão variadas que muitas vezes nos escapam, superando nossa previsões e
quebrando nossos esquemas” – EG I, 22. Nesse sentido, a comunidade
missionária deve perder completamente o medo e se despir definitivamente de
seus preconceitos e “ir ao encontro,
procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os
excluídos” – EG I, 24.
Entretanto,
conforme o própria Papa exorta, para que esta saída aconteça, faz-se necessário
uma urgente conversão pastoral, uma inadiável renovação eclesial. Igreja em
saída significa também, para o Papa, sair das comodidades pastorais em que
estamos mergulhados, ter como ponto de partida o coração do Evangelho, que
mostra o Cristo peregrino, o Cristo misericordioso. Da mesma forma também nós
somos convidados à prática desta, que é a maior de todas as virtudes – a
misericórdia.
Mas o
Papa também entende o quanto as limitações que a natureza humana nos impõe podem
comprometer esta saída missionária. Por isso ele discorre longamente sobre
isso, mostrando que a missão se encarna na limitação humana, mas é realizada
com pequenos passos em meio a tudo isso. Como missionários do amor de Deus,
precisamos aprender que esse amor “opera
misteriosamente em cada pessoa, para além dos seus defeitos e das suas quedas”
– EG I, 44.
Encerrando o primeiro
capítulo, o Papa nos lembra que a Igreja “em saída” é como uma mãe de coração
aberto. “Sair em direção aos outros para
chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direção nem
sentido. Muitas vezes é melhor diminuir o ritmo, deixar de lado a ansiedade
para olhar nos olhos e escutar, renunciar às urgências para acompanhar quem
ficou caído à beira do caminho. Às vezes, é como o pai do filho pródigo, que
continua com as portas abertas para, quando este voltar, poder entrar sem
dificuldades”. – EG I, 46.
Nesse
sentido, por razão nenhuma e em qualquer circunstância, a Igreja deve fechar
qualquer fresta que possa permitir a entrada primeira ou o retorno de um irmão.
E no rol de portas destaca-se o Batismo, a Eucaristia e a Penitência. O
primeiro, porque é a porta para todos os outros sacramentos; o segundo – a
Eucaristia – porque, segundo Santo Ambrósio de Milão, não é um prêmio para os
perfeitos, mas um remédio generoso para os fracos; o terceiro – Penitência –
porque é o sacramento da misericórdia de Deus, que não tem memória para os
nossos pecados, e nos resgata pelo sangue de Seu Filho.
Ler a
Evangelii Gaudium é conhecer um pouco do pensamento do Papa Francisco, que
norteia seu pontificado no amor misericordioso de Jesus e na essência
missionária da Igreja.
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