segunda-feira, 17 de novembro de 2014

EVANGELII GAUDIUM  -  A ALEGRIA DO EVANGELHO
 SEGUNDA PARTE


A primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco fala da Alegria do Evangelho de Cristo; alegria que se renova e comunica, conforta e suaviza a vida, e que deve ser anunciada mesmo em meio às crises dos tempos atuais.

                Continuando a ler a EVANGELII GAUDIUM, chegamos ao segundo capítulo desta exortação, onde o Papa Francisco nos fala das “crises do compromisso comunitário”. Neste capítulo, “antes de falar de algumas questões fundamentais à ação evangelizadora” – EG 2 - I, 50, o Santo Padre nos convida a um olhar com discernimento evangélico para o contexto social e religioso em que vivemos.  


                Somos convidados, por exemplo, a testemunhar o amor e a misericórdia de Deus em meio a uma grande quantidade de desafios no mundo atual, como a ditadura de uma economia excludente e geradora de desigualdade social, onde é “mais notória a queda da Bolsa de Valores do que a morte por enregelamento de um idoso” – EG 2 - I, 53; ou ainda a nova idolatria do dinheiro, cujo domínio é aceito pacificamente por nós e nossas sociedades, quando a dívida e os respectivos juros “afastam os países das possibilidades viáveis da sua economia” – EG 2 - I, 56. O dinheiro que deveria estar a serviço, é o que governa, colocando Deus como rival de todo um processo de manipulação e degradação do ser humano, criatura amada e a quem Deus planejou a plena realização e independência. 

               O domínio financeiro faz esquecer os grandes ensinamentos que fazem parte da Tradição Católica, como o de São João Crisóstomo que dizia que “não fazer os pobres participar dos seus próprios bens é roubá-los e tirar-lhes a vida. Não são nossos, mas deles, os bens que aferrolhamos” – EG 2 - I, 58.

                A desigualdade social gerada pela ditadura econômica é a causa do crescimento da violência a patamares inacessíveis, tornando-se portanto incontrolável. A segregação social dos grandes centros destrói a tranquilidade, devido à reação violenta daqueles que são marginalizados.

                O Santo Padre destaca ainda a necessidade de evangelizarmos em meio aos desafios culturais, que em certas partes do mundo ainda se apresentam como “verdadeiros ataques à liberdade religiosa ou em novas situações de perseguição aos cristãos” – EG 2 - I, 61. Este tipo de manifestação prejudica toda a vida social, além da religiosa, pois desorienta os cidadãos a engajarem-se em ações em prol do bem comum.

                Mesmo a fé católica enfrenta a realidade da proliferação de novos movimentos religiosos. Estes dividem-se de acordo com suas propostas: uns tendem ao fundamentalismo e outros a uma espiritualidade sem Deus. De um ou de outro modo, reage-se contra o mundo materialista, consumista e individualista, porém sem preencher o vazio deixado pelo racionalismo secularista.

                Entretanto o Papa também alerta para um grande perigo existente dentro da Igreja Católica, que é a “existência de estruturas com caráter pouco acolhedor, em algumas de  nossas paróquias, ou à atitude burocrática com que se dá a resposta aos problemas, simples ou complexos, da vida dos nossos povos. Em muitas partes, predomina o aspecto administrativo sobre o pastoral, bem como uma sacramentalização sem outras formas de evangelização”. – EG 2 - I, 63.

                Um outro desafio que os cristãos são convidados pelo Papa  a enfrentar, é o da inculturação da fé. Não podemos cair na armadilha da transculturalidade, que é adaptar o evangelho e a tradição da Igreja às realidades  existentes. Não é o evangelho que precisa ser inculturado, mas as culturas que devem ser evangelizadas, para fortalecer as riquezas que essas culturas já possuem.


                E por último o Papa atenta sobre os desafios das culturas urbanas, convidando-nos a não aceitarmos a ditadura das novas linguagens que vão surgindo dentro de cada sociedade, mas a protagonizarmos uma “evangelização que ilumine os novos modos de se relacionar com Deus, com os outros e com o ambiente, e que suscite valores fundamentais”. EG 2 – I, 74.