quinta-feira, 30 de abril de 2015

O "SER" ADOLESCENTE
Afetividade - Sexualidade - Respeito


 É cada vez mais comprometedora a situação dos nossos adolescentes no que diz respeito à sexualidade e à afetividade. Uma grande confusão é provocada em suas mentes pelas informações que a mídia fornece. Desde a música até nas telenovelas, pululam estímulos sexuais sem qualquer senso de moralidade ou compromisso com a decência. E este é o contexto em que tentamos educar nossos filhos e ajudá-los a atravessar a fase da adolescência, sem que se contaminem ou sucumbam a esses apelos. 

 Por esse motivo usei a palavra “comprometedora”, no início do parágrafo anterior. É porque cada vez mais somos chamados a enfrentar com os jovens e adolescentes este desafio que é saber filtrar o que é importante, o que tem valor e o que não será prejudicial ao seu crescimento. Muitos pais perdem grandes oportunidades porque se posicionam como rivais dos seus filhos na adolescência, e, assim como, peculiarmente, os adolescentes estão sempre discordando, os pais se armam para ter sempre um discurso de repreensão e autoritário. Não se trata de enfrentar “os” adolescentes nesta fase, mas, repito, enfrentar “com os” adolescentes esta fase da vida. 

 É que este período, o da adolescência, é aquele tão esperado por uma parcela de jovens e ao mesmo tempo tão temido por uma parcela grande dos pais. É a hora de ganhar o mundo, sair de casa, fazer e conhecer coisas novas. É a hora da pseudo independência. E é temido pelos pais justamente porque torna-se grande a dificuldade de manter o controle sobre seus filhos. 

 O que os adultos esquecem – sim, esquecem, porque todos já passaram por isso – é que este é um período extremamente crítico na vida de um ser humano. Basicamente três grandes questões tornam-se foco do jovem: 1ª – Quem sou, do que eu gosto, o que eu quero (ou não quero) da vida, o que eu quero ser? 2ª – Descobertas no campo sexual, alegrias, frustrações, primeiras experiências... 3ª – Escolha profissional, continuidade dos estudos, competição do mercado de trabalho. 

 Para enfrentar essa jornada, o jovem precisa encontrar seu caminho, que é único, só dele. E é exatamente neste processo que ocorre o distanciamento dos pais e os constantes e inevitáveis choques. 

 Nesta fase também há o risco de o jovem ingressar no consumo de drogas ou álcool. 

 E o jovem, mesmo que não perceba, tem consciência de tudo isso. E eles tem coragem e energia para encarar a adolescência de peito aberto, a começar pelas experiências afetivas e sexuais. 

 Particularmente acredito que os adultos poupariam muita energia e evitariam muitos conflitos se buscassem sintetizar seu trabalho de educação em poucas coisas importantes. De nada adianta gerar debates intermináveis e querer que o adolescente se comporte exatamente da sua maneira. Basta focar em questões práticas e indiscutíveis. Uma delas, a meu ver, é o respeito. 

 Na cartilha educacional dos pais de adolescentes esta palavra deveria fazer parte de todos os capítulos. Orientar o jovem para que respeite a si mesmo como pessoa, que respeite seus desejos, suas ideias, suas convicções, seus limites, enfim, sua essência. E somado a isso, o respeito ao próximo, à pessoa que está a seu lado, seja um amigo ou namorado. E tem que respeitar no outro tudo aquilo que deve respeitar em si mesmo. Talvez esse seja o grande segredo para um relacionamento feliz, prazeroso e maduro, que promova o crescimento próprio e mútuo. 

 A partir do momento em que os pais limitarem-se a orientar nesse sentido, a apontarem esta meta, a do respeito, e a partir do momento em que os adolescentes e jovens concentrarem seus esforços e atenção nesta prática, muita coisa será diferente. Os apelos externos não terão mais tanta força para confundi-los e perdê-los, e aquela seleção que deve ser feita em relação aos estímulos da mídia, será mais criteriosa e eficaz. 

 Afetividade e Sexualidade: duas peças fundamentais na construção de um ser humano, que são disponibilizadas num período que requer tanto cuidado e atenção: a adolescência. 

 Uma pessoa que é bem orientada e resolvida afetiva e sexualmente na juventude, inequivocadamente será uma pessoa assídua na prática do respeito, da compreensão e que saberá viver os bons momentos da vida (e os não tão bons também) com clareza de ideias e discernimento.

Autor: Anselmo J Ramos Neto

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