quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O surgimento das ideologias anticristãs


Hoje, mais do que nunca, é preciso compreender que existem ideologias interessadas na destruição da Igreja. Um exemplo claro de uma intenção ideológica é a própria historiografia recente da Igreja. É muito fácil notar que existe um preconceito contra a Igreja e ele foi confeccionado ideologicamente por um grupo de intelectuais, filósofos iluministas franceses do século XVIII e XIX.
A Revolução Francesa (1789) não foi um fenômeno espontâneo, pelo contrário, foi preparada tanto política quanto ideologicamente. Para compreendê-la é preciso estudar o que a antecedeu e os seus bastidores. Comprovadamente, existe uma vasta documentação dando conta que pseudointelectuais, falsos filósofos foram "comprados" por um grupo de banqueiros, a então chamada 'burguesia', para criar um movimento ideológico que tornasse possível a derrubada da monarquia, pois não havia outro modo de eles chegarem ao poder.
Os falsos filósofos criaram uma rede de mentiras, notadamente contra a Igreja Católica, os jesuítas, o rei, a nobreza etc, fabricando um clima de insatisfação e revolta, utilizando a literatura como meio de propagação das mentiras. Como foi dito, esse movimento foi criado artificialmente mediante a injeção de dinheiro, contudo, alguns pensadores acreditaram sinceramente no movimento falso de revolta, como foi o caso de Jean Jacques Rousseau, o qual não se tem notícia de que tenha recebido qualquer quantia da dita "burguesia", mas que, no entanto, foi um dos melhores ideólogos desse movimento.
O início do movimento, portanto, foi dado por filósofos medíocres, mas a continuidade dele foi feita por filósofos sérios que passaram a trabalhar para a derrocada da monarquia e da Igreja. Dentro da ideologia Iluminista, portanto, está embutida toda uma maneira de se contar a história que não é aquela acontecida, mas feita de modo que instaure a revolução, que mude o status quo.
Naquela época, a imprensa acabara de ser inaugurada, os jornais eram raros. Mas, uma técnica bem sucedida, inventada por Christoph Friedrich Nicolai, cuidou de propagar com sucesso a ideologia iluminista: as feiras de livros. Com o crescente interesse da população pelos livros, Nicolai passou a organizar as feiras, porém, selecionava os livros que seriam postos à venda, p. ex., se o livro era contra a Igreja, contra a monarquia, se ele pregava o materialismo, o ateísmo era escolhido, caso contrário, não. Isso fomentou o movimento revolucionário.
Historicamente, sabe-se que o rei da França convocou os Estados Gerais, o parlamento, para resolver um problema referente aos impostos, pois a Coroa estava indo à falência. Uma vez reunidos, surpreendentemente, os representantes dos Estados franceses passaram a redigir uma Constituição, planejando a derrocada da monarquia.
Deste modo, por causa das técnicas aplicadas: investimento em escritores para que produzissem material contrário à Igreja e à monarquia, e a difusão desses livros nas feiras idealizadas por Friedrich Nicolai, contribuiram de maneira decisiva para o surgimento desse fenômeno artifical, em vigor até hoje, que tem por objetivo denegrir a Igreja Católica.
Outro ponto a ser frisado é que em qualquer livro de História existem divisões, classificações das épocas. Essas divisões foram estabelecidas justamente durante o Iluminismo, portanto, imbuídas de ideologia. Cada título atribuído aos períodos da História traz nele mesmo uma valência ideológica: Idade Antiga e Idade Moderna. Entre uma e outra, um período de mais ou menos mil anos no qual o Cristianismo desempenhou um papel fundamental na história do Ocidente.
Com a queda do Império Romano do Ocidente, no século V, após o que a barbárie tomou conta, a Igreja tornou-se a referência cultural na Europa até a queda do Império Romano do Oriente. Ideológicamente era preciso "matar" esse período. Por isso recebeu o nome de "Idade Média", em que havia a razão na Antiguidade, com seus grandes filósofos, seguido por um período de trevas, na qual a razão foi substituída pela superstição, pelas trevas, pelo cristianismo. A partir do século XV, quando ressurge o paganismo, em substituição gradual ao cristianismo, o nome que se dá é "Renascimento", seguido pelo século das Luzes, no qual a Deusa Razão triunfa e surge o Iluminismo.
Ora, esse tipo de historiografia pode ser tudo, menos algo isento, equilibrado. É pura ideologia. Régine Pernoud, grande historiadora medievalista, fala com toda clareza o quanto a Idade Média foi uma época de extraordinário desenvolvimento em inúmeros aspectos. Notadamente na situação da mulher na sociedade que durante toda a Idade Antiga nada mais era uma "coisa", propriedade do pater familias, do pai de família, do marido, o qual tinha o poder de matá-la, caso não estivesse satisfeito.
Ora, o cristianismo mudou radicalmente essa visão. Nele, a mulher adquiriu dignidade semelhante a de seu esposo, aliás, estudos sérios comprovam que o cristianismo tornou-se popular justamente porque as mulheres perceberam que a conversão dos esposos os impedia de matá-las, por isso elas se empenhavam para que eles aderissem ao cristianismo.
Na Idade Antiga jamais se ouviu falar de uma mulher reinando, já na Idade Média ela era coroada junto com o Rei. Muitos feudos eram comandados por abades e muitos por abadessas. Foi o cristianismo que, olhando para a dignidade da mulher, colocou a Virgem Santíssima como Rainha do Céu e da Terra, fornecendo um instrumental espiritual para que se compreendesse a dignidade da mulher.
Como Renascimento a mulher é novamente coisificada perdendo a sua dignidade e importância, justamente por causa da volta do paganismo, da visão antiga, do pré-cristianismo. A esposa do Rei não é mais coroada como rainha, em geral, as mulheres se tornam objetos de desejo sexual, inclusive escravas, pois foi justamente no Renascimento que a prática escravagista retornou. Na Idade Média não havia escravos, mas tão-somente o servo da gleba, que não era propriedade do senhor feudal, mas mantinha com ele uma aliança: impostos em troca de proteção militar.
Portanto, o Renascimento significou um apagar-se das luzes e não um retorno das luzes. Apagaram-se as luzes dos valores cristão que plasmaram toda a cultura da Idade Média. É preciso, deste modo, entender que toda a historiografia contrária à Igreja Católica foi confeccionada quase que totalmente por várias ideologias cuja finalidade era e é derrubar a Igreja, detendo a influência dos valores cristãos na sociedade, a fim de dar trela livre ao paganismo que reina na cultura atual.
Precisamos conhecer uma história da Igreja baseada na verdade dos fatos, dentro de uma acurácia, uma precisão dos fatos históricos relatados enquanto tal, e depois, uma interpretação desses fatos à luz da fé. Mesmo quando a verdade histórica for dolorosa, pecados de papas, infidelidades, traições, heresias, lutas internas, tudo isso deve ser conhecido, mas sempre tendo em vista a Igreja de Cristo que, justamente por ser "a Igreja de Cristo", desde o início é perseguida até mesmo internamente.
A carne, o mundo e o demônio são os três inimigos do homens e também da Igreja. Existe a força da concupiscência nos membros da Igreja, existe a mundanidade dentro da Igreja e também existe a ação demoníaca. Mas não só isso, existe a ação do Espírito Santo, a presença de Graça, a certeza de que Deus conduz a sua Igreja. Nosso Senhor Jesus Cristo previa isso na Última Ceia: "odiaram a mim, odiarão também a vós", (conf. Jo 15,18).
Conhecer a História da Igreja é conhecer o amor de Deus na história da humanidade, mas também o ódio que marcou e ainda marca a Esposa de Cristo, chagada, que segue o caminho de seu divino fundador: a Sua Paixão e Crucifixão. A esperança do cristão é de que haverá um dia a ressurreição e se verá a Esposa descer do alto, quando então todos serão um só com Cristo. Será a escatologia, o fim da história da humanidade e o fim da História da Igreja.

Fonte: Pe Paulo Ricardo de Azevedo Junior

sábado, 3 de janeiro de 2015

JOVENS CONECTADOS

Quando você quiser informações sobre o trabalho pastoral com a Juventude a nível nacional (CNBB) acesse o site www.jovensconectados.org.br. Este é o canal da CNBB para a juventude no Brasil. Além do site existe também a fanpage “Jovens Conectados” no Facebook.
Portanto, se você desenvolve qualquer trabalho pastoral com a juventude em sua comunidade, paróquia ou diocese, você não pode estar desconectado desses dois canais, porque é ali o ambiente onde podemos partilhar os trabalhos que realizamos e conhecer outros trabalhos feitos Brasil afora (e fora do Brasil). Então, curta a página no facebook e adicione o site aos seus favoritos.

Mas por que toda essa propaganda sobre os “jovens conectados”?

É que nas minhas frequentes visitas ao site e nas constantes inserções no meu feed de notícias do facebook, tenho conhecido quanto trabalho frutífero vem acontecendo no nosso país, protagonizado pela nossa juventude. Iniciativas que vão de encontro a tudo o que os últimos papas exortaram nas JMJs e, mais atualmente, ao que o Papa Francisco pede na Evangelii Gaudium.

E (detalhe interessante) quase a totalidade dessas iniciativas não partem lá de cima (CNBB), mas são sementes plantadas num canteiro bem menor – as comunidades paroquiais, de onde suas mudas são compartilhadas com outras e outras comunidades, até atingirem um vulto bem maior, e serem acolhidas pela instância maior e sugeridas a todos os recônditos paroquiais do país.

Isso derruba por terra o argumento de alguns de que: “não podemos fazer muita coisa, pois temos que esperar as orientações do nacional”. É claro que temos que estar em comunhão com as instâncias superiores (diocese, regional e CNBB), da mesma forma que não podemos deixar de lado  nossos projetos para uma Igreja mais missionária e acolhedora, na angustiante e exaustiva espera gerada por uma burocracia desnecessária ou pela inércia de agentes dessas instâncias superiores. Esta espera por vezes contribui para que percamos o ardor missionário e a alegria da evangelização.

Minha intenção ao escrever este artigo é semelhante a dos artigos anteriores: atentarmo-nos à responsabilidade que temos com a evangelização da juventude, e de como estamos deixando passar um tempo propício para uma pesca substancial, mantendo-nos no conforto e segurança da margem, sem vontade ou coragem de avançarmos para as águas mais profundas. Este conforto e segurança se contrapõem ao que o próprio evangelho propõe, ao mesmo tempo em que testemunha contra nós, pois mostra como evitamos os desafios da nova evangelização e as intempéries de um mar desconhecido.

Será que o Cristo que vive em nós (Gl 2, 20) ou o Espírito Santo que habita em cada um (1Cor 6, 19) podem se render à nossa estagnação e ao nosso medo?

Entretanto, tenho visto nos últimos anos, com alegria, o empenho e o trabalho de alguns agentes que se dedicam ao trabalho com a juventude, as boas intenções e os belos projetos. Mas tenho visto também a dificuldade que encontram pelo caminho, principalmente no que tange à realização desses projetos, quer por falta de parceria de outros setores e pastorais, quer (o que é pior) pela pouca atenção de alguns pastores.  Volto a citar o apóstolo dos gentios, quando ele indaga aos coríntios (1Cor 1, 13) se Cristo está dividido, ou se não fazemos todos parte de um mesmo e grandioso projeto.

Não deixemos que os pequenos interesses de cada segmento comprometam o interesse maior e comum, mas unamo-nos quais membros de um mesmo corpo em benefício da vida da Igreja. E aqueles que tem o múnus de pastorear o rebanho, não poupem esforços e recursos para proporcionar a realização de toda e qualquer atividade que tenha como objetivo o anúncio de Cristo.

E aos agentes que dirigem e orientam os trabalhos com a juventude, vale a pena convidar a rever alguns trabalhos e seus frutos. Pelas mídias sociais é possível perceber a formação de pequenos clãs ou tribos, tipo “família AT”, “família ZJ”, ou “família FJ”, ou outras. Isso é bom e salutar desde que não se preste ao infeliz propósito de provocar divisão e contenda intra eclesial, mas que, ao contrário, se constituam em pequenos organismos que, em unidade, promovam a inculturação cristã nas diversas realidades juvenis.

Que 2015 seja o ano em que as pequenas (porém em constante crescimento) famílias juvenis, pastorais e movimentos diversos, orientadores, assessores e pastores, iluminados única e exclusivamente pelo Evangelho do próprio Cristo, possam estar unidos olhando não só para o chão em que pisam (seu próprio “quadrado”), mas ao horizonte da história, que se delineia a cada dia diante de nós com suas mais intrigantes e desafiadoras peculiaridades. Que sejamos uma Igreja em saída (a convite do Papa) nem sempre para os mesmos, conhecidos e confortáveis lugares, mas para as periferias, onde estão principalmente aqueles cuja proximidade nem sempre nos agrada. É lá que Cristo quer estar, e precisa de nós para que O levemos.

Inspiremo-nos e copiemos tantas e belas iniciativas existente pelo nosso país. Desliguemo-nos um pouco da mesmice de todo ano (mesmos discursos, mesmos eventos...) e engajemo-nos em novos trabalhos, novas experiências de vida e evangelização.


E que o Espírito Santo nos conduza a todos, pela vontade soberana do Pai.