EVANGELII GAUDIUM - A ALEGRIA DO EVANGELHO
SEGUNDA PARTE
A primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco fala da
Alegria do Evangelho de Cristo; alegria que se renova e comunica, conforta e
suaviza a vida, e que deve ser anunciada mesmo em meio às crises dos tempos
atuais.
Continuando
a ler a EVANGELII GAUDIUM, chegamos ao segundo capítulo desta exortação, onde o
Papa Francisco nos fala das “crises do compromisso comunitário”. Neste
capítulo, “antes de falar de algumas
questões fundamentais à ação evangelizadora” – EG 2 - I, 50, o Santo Padre
nos convida a um olhar com discernimento evangélico para o contexto social e
religioso em que vivemos.
Somos
convidados, por exemplo, a testemunhar o amor e a misericórdia de Deus em meio
a uma grande quantidade de desafios no mundo atual, como a ditadura de uma
economia excludente e geradora de desigualdade social, onde é “mais notória a queda da Bolsa de Valores do
que a morte por enregelamento de um idoso” – EG 2 - I, 53; ou ainda a nova
idolatria do dinheiro, cujo domínio é aceito pacificamente por nós e nossas
sociedades, quando a dívida e os respectivos juros “afastam os países das possibilidades viáveis da sua economia” – EG
2 - I, 56. O dinheiro que deveria estar a serviço, é o que governa, colocando
Deus como rival de todo um processo de manipulação e degradação do ser humano,
criatura amada e a quem Deus planejou a plena realização e independência.
O
domínio financeiro faz esquecer os grandes ensinamentos que fazem parte da
Tradição Católica, como o de São João Crisóstomo que dizia que “não fazer os pobres participar dos seus
próprios bens é roubá-los e tirar-lhes a vida. Não são nossos, mas deles, os
bens que aferrolhamos” – EG 2 - I, 58.
A
desigualdade social gerada pela ditadura econômica é a causa do crescimento da
violência a patamares inacessíveis, tornando-se portanto incontrolável. A
segregação social dos grandes centros destrói a tranquilidade, devido à reação
violenta daqueles que são marginalizados.
O Santo
Padre destaca ainda a necessidade de evangelizarmos em meio aos desafios
culturais, que em certas partes do mundo ainda se apresentam como “verdadeiros ataques à liberdade religiosa
ou em novas situações de perseguição aos cristãos” – EG 2 - I, 61. Este
tipo de manifestação prejudica toda a vida social, além da religiosa, pois
desorienta os cidadãos a engajarem-se em ações em prol do bem comum.
Mesmo a
fé católica enfrenta a realidade da proliferação de novos movimentos religiosos.
Estes dividem-se de acordo com suas propostas: uns tendem ao fundamentalismo e
outros a uma espiritualidade sem Deus. De um ou de outro modo, reage-se contra
o mundo materialista, consumista e individualista, porém sem preencher o vazio
deixado pelo racionalismo secularista.
Entretanto
o Papa também alerta para um grande perigo existente dentro da Igreja Católica,
que é a “existência de estruturas com
caráter pouco acolhedor, em algumas de
nossas paróquias, ou à atitude burocrática com que se dá a resposta aos
problemas, simples ou complexos, da vida dos nossos povos. Em muitas partes,
predomina o aspecto administrativo sobre o pastoral, bem como uma
sacramentalização sem outras formas de evangelização”. – EG 2 - I, 63.
Um
outro desafio que os cristãos são convidados pelo Papa a enfrentar, é o da inculturação da fé. Não
podemos cair na armadilha da transculturalidade, que é adaptar o evangelho e a
tradição da Igreja às realidades
existentes. Não é o evangelho que precisa ser inculturado, mas as culturas
que devem ser evangelizadas, para fortalecer as riquezas que essas culturas já
possuem.
E por
último o Papa atenta sobre os desafios das culturas urbanas, convidando-nos a
não aceitarmos a ditadura das novas linguagens que vão surgindo dentro de cada
sociedade, mas a protagonizarmos uma “evangelização
que ilumine os novos modos de se relacionar com Deus, com os outros e com o
ambiente, e que suscite valores fundamentais”. EG 2 – I, 74.